Mulher trans, Maria Clara Spinelli exalta trabalho de Glória Perez sobre o assunto

  • Por Jovem Pan
  • 03/11/2017 12h08
Carlos Kiwii/Jovem Pan

Maria Clara Spinelli fez sucesso como a personagem Mira em “A Força do Querer” e ficou muito agradecida com a oportunidade dada por Glória Perez. Nascida como uma mulher transexual, a atriz de 42 anos disse ao Morning Show desta sexta-feira (3) acreditar que a novela deu a oportunidade de os telespectadores criarem empatia com quem sofre para fazer a transição, sentindo a angústia de estar num corpo no qual não se identifica.

“Uma pessoa que nasce trans é que está num corpo em que não se identifica. Fui designada como homem e já sabia que era mulher desde sempre. Conforme o tempo fosse passando, tudo seria mais difícil. Não tive a chance de ter uma obra como essa e era um tabu. Meus pais me levaram em psicólogos e infelizmente não tive profissionais qualificados. Me identificaram como homossexual, o que não tinha nada ver. Gênero é uma coisa e orientação é outra”, explicou.

Com quase 20 anos de carreira, Spinelli lamentou ela e sua família não terem tido acesso a informações sobre o assunto, o que tornou tudo muito angustiante e doloroso.

“Eu na adolescência procurei outros médicos e ninguém sabia sobre o assunto. Ninguém sabia como me ajuda e me sentia com uma doença e que sabia que eu tinha a cura. É muito angustiante. Mais perto da idade adulta comecei a ser tratada e completei ao processo de transição, chegando ao sexo feminino. O fim de tudo é quando chega os documentos, Maria Clara Spinelli, sexo feminino”, complementa.

Para a atriz, Perez fez um trabalho incrível de conscientização, que foi ainda mais intensificado após o grande trabalho de Carol Duarte na pele de Ivana e Ivan. Ela aproveitou para passar uma mensagem poderosa a todos: “você só vence o preconceito com a compaixão”.

“Eu acho que a Gloria fez um trabalho que é fundamental. Felizmente, a novela é o programa mais visto na América Latina. Infelizmente, a novela educa mais do que o estado. Eu sou uma mulher que nasceu transexual e esse trabalho que ela fez abordando esse tema, tenho que agradecer. Meus pais não tiveram essa novela e teria evitado muito sofrimento. Foi brilhante e um grande trabalho. Tanto que a Ivana e Ivan se tornaram um personagem queridíssimo. Você só vence o preconceito com a compaixão. Não precisa de discurso ou de rótulo e ela conseguiu isso com a Ivana”, concluiu.

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